Enquanto te olho dormindo, me pego calculando quantas sessões de terapia seriam necessárias para superar as lembranças desses momentos bons. Enquanto dançamos e rodopiamos pelo piso da sala eu sinto uma necessidade estranha de registrar com mais atenção possível cada detalhe, por medo de que eles se findem e nunca mais se repitam. Deitada no seu colo, recebendo um cafuné, você me olha com olhar de amor e eu me pergunto até onde tudo isso é real. Suspiro, numa mistura de medo e satisfação.
Me apavora a possibilidade da auto sabotagem que isso tudo pode causar.
Ainda é difícil pra mim aceitar essa paz, esse conforto, essa segurança que nosso relacionamento me dá sem duvidar de que tudo é uma armadilha cruel pra fazer o resto da minha vida desmoronar.