Sabe, gatinho, durante muito tempo eu chorei a sua ausência. Eu chorava dias e noites por um misto de mágoa e saudade, e às vezes me perguntava se aquela dor em algum momento iria cessar. Eu te odiava pra tentar compensar a inocência que você me roubou, mas um dia, quando eu abri os olhos, eu me dei conta de que já não doía como antes e que eu estava pronta para seguir em frente. E eu o fiz. Conheci novas pessoas e novos lugares, acreditei que rodando o mundo encontraria um sentimento que preenchesse o vazio de tudo que você levou de mim.
Mas é isso: quando a dor finalmente se foi, ficou o vazio onde costumava morar o ódio que cultivei de você. E esse espaço passou a me devorar. Já há muito tempo esse vazio é tudo que sinto e descobri que te ter não preencheria essa lacuna. O que se foi é pessoal demais, parcial demais. Você jamais poderia repor os sonhos que tirou de mim.
Agora não existe mais ódio, agora não existe mais nada. Apenas continuo buscando me reconstruir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário