Só fazem 24 horas desde que saí, e eu me sinto estranhamente febril por me ver a tantos quilômetros de você.
Pela janela do ônibus, muitas luzes e vida noturna, as pessoas vão e vem, sorriem animadas, mas é estranho como nas janelas tudo sempre parece melancólico e distante.
É doentio como meu coração se mantém apertado por estar longe de você. Surreal como eu consigo fechar os olhos e não lembrar de um rosto que acabei de ver, mas visualizo o seu em todos os seus detalhes, em todas as suas expressões.
No fone de ouvido tocam músicas que você nem sequer conhece, mas é você presente em cada melodia, em cada segundo, em cada sensação, e se eu me atrevesse a imaginar qualquer contato íntimo que não fosse o seu, meu corpo se encheria de repulsa e estranheza, como se só o seu toque fosse capaz de me arrepiar. 


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É difícil para mim entender que os relacionamentos são feitos de fases. Eu sou intensa, intensa no amor e intensa na dor. Não sei esperar o tempo cuidar das coisas como ele sempre faz, me afobo e meto os pés pelas mãos, me quebro inteira pra depois ter que me refazer, um ciclo que se repete infinitamente desde que me entendo por gente.


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