Eu olhava praquelas cores e praqueles remédios e não conseguia assimilar precisar deles todos os dias. Eu sempre acreditei ter o controle da minha vida. A ficha não caía.
Quando foi que minha mente se adoeceu tanto? Quando foi que ultrapassei o limite?
Eu me vejo num cenário de destruíção, num campo de batalha perdida. Eu engulo esses comprimidos diariamente mas eles não curam a minha dor. Eles induzem o meu sono, diminuem aquela tremedeira incômoda. Mas e por dentro, quem pode me curar?
Eu quero o controle da minha mente!
Eu quero uma escolha...

E eu sei que você vai desejar meu sexo. É, ao menos vai sentir falta de alguma coisa. Mas quando você sentir isso, por favor, sinta calado; Sinta, pense e queira, só não se aproxime de mim. Porque quero alguém que não possa preencher esse desejo com um outro corpo qualquer. Eu quero alguém que sinta falta do formato do meu rosto, do brilho dos meus olhos, alguém que sinta falta da curva do meu sorriso e da maneira como escolho as palavras. Quero alguém que sinta falta da minha companhia nas tardes quentes, do som do meu suspiro nas madrugadas frias, das minhas piadas sem graça, do meu jeito de agir, do meu cheiro único. Quero alguém que não possa preencher meu olhar com outro qualquer. 
Talvez você fale meu nome na hora errada, ou não; mas não me conte sobre isso. Fique com seu desejo e seu sentimento limitado. Quando você sentir falta das noites esporádicas e mascarar essa saudade de paixão, fique exatamente onde está: longe. Porque eu quero alguém que sinta falta do sentimento integral. Falta da minha companhia nas festas, do meu riso quando toca minha música favorita, alguém que sinta saudades de se divertir comigo, de apoiar e ser apoiado, da cumplicidade, do amor. Quero alguém se se sinta mais completo do meu lado, que faça questão de mim de verdade.
Então quando sentir saudade das noites de sexo, lembre-se de que tenho necessidades muito maiores. Eu sou um pacote: as qualidades vem com os defeitos, e os momentos bons vem com os ruins. E eu preciso de alguém que me ame em ambos pra realmente me fazer feliz.

Ninguém podia compreender. A ausência as vezes dos sintomas físicos faziam com que as pessoas a minha volta banalizassem o que eu sentia e me criticassem ou deixassem de lado, me fazendo sentir ainda mais rejeitada e humilhada.
As vezes eu tinha crises bastante físicas, dores bastante severas, taquicardia, dormência e afins. Era terrível e se misturava a todas as outras coisas que eu sentia por dentro; 
As vezes o que eu sentia era tão terrível quanto, mas não dava sinais que os olhos alheios pudessem ver. Era uma angústia descomunal, insolucionável, que me incapacitava de diversas coisas cotidianas e me deixava em desespero. Era algo inexplicável, que me tomava os sorrisos e a vontade de viver, mas não era só a falta da felicidade. Era o excesso da angústia, a sensação de estar caindo, de estar se perdendo, de não ter volta. Uma queda sem fim. Eu não podia lutar contra o que não via. Não podia buscar a saída se não sabia qual era o início daquilo tudo. Qualquer fosse o local, qualquer fosse a situação, não tinha pra onde fugir, porque o que me perseguia vinha de mim mesma. O que me destruía partia de dentro pra fora.
Ás vezes eu queria morrer, eu achava que não ia suportar, que não precisava, e via a morte como a única fuga. Mas sempre suportava. Até a próxima crise, até a próxima vez em que tudo parecia sem fim e todas aquelas coisas terríveis passavam na minha cabeça. Às vezes eu queria correr. Eu tentava, inclusive, fugir de um lado para outro; entrava em um ônibus e me concentrava na estrada. Vagava pelas ruas -no sol, na chuva, sem rumo- apenas tentando encontrar uma saída. Mas os caminhos se tornavam cada vez mais escuros e mais tenebrosos. Às vezes eu queria gritar. Então chorava alto e os soluços abafavam meu grito na garganta.
E quase sempre eu desistia. Desistia de tudo. Não queria morrer, não queria lutar, não queria tentar. E tudo que eu queria era poder não pensar. Apenas ficava olhando o mundo rodar e tentando aceitar essa sensação amarga dentro de mim. As lágrimas escorrendo quentes nas bochechas, caindo pelo queixo e enxarcando a roupa, a garganta apertada pelo nó dessa dor, a visão turva e todo o ódio e a mágoa percorrendo o meu corpo. Você provavelmente nunca me viu assim. Rolando no chão por uma dor que você não conseguiria assimilar, com os olhos foscos pela desilusão. Espero que não veja.
Eu estava cansada dessa proporção, de um dia normal e 10 nesse desafio injusto que eu tinha que viver. Cansada de não ter paz.
Eu precisava de paz.
Eu preciso de paz.

Seus olhos eram uma folha em branco. Não tinham aquele brilho, não me reviravam do avesso, não me derretiam nem hipnotizavam;
Mas não causavam mágoas, não eram carregados de lembranças confusas e dores antigas. Eram apenas uma página em branco esperando para ser escrita. E era estranho ter que escrever novas histórias. A mão era cheia de vícios e queria repetir frases.
Dava vontade de voltar e viver apenas relendo antigas histórias, rabiscando por cima das palavras já escritas, mas seus olhos estavam ali, para serem descobertos, e era bom estar com alguém sem o peso das palavras truncadas e feridas mal fechadas.

" (...)Vivemos num mundo de carências e encontrar alguém que te faça companhia porque quer estar do lado pra ouvir sua voz, sentir sua presença ou só sentir seu cheiro ali pertinho é bem raro. E cara, o cheiro dos cabelos dela eu sinto desde aquele abraço. 
Já passei daquela fase de adolescente e fantasias amorosas. Mas quando gosto de alguém, gosto pra caralho, amo pra caralho mesmo. Então não vale atravessar meu tempo sem algo perto. Bem perto. 
Duas pessoas não precisam de uma receita do mágico de Oz pra se juntarem. Elas só precisam se gostar. Elas só precisam querer estar perto. Elas só precisam se beijar na escada rolante do shopping ou saber como andar de mãos dadas na rua(...) "

" (...)Porque, seja lá o que ainda resta, é quieto e não grita mais nos meus silêncios, nos meus ouvidos. Não me tira o sono, não me tira o juízo, a paz. Não é espaçoso, muito pelo contrário, compacto. Dizem que o amor é assim, calmo, sereno, brisa. Mas eu não acredito nesse amor que não invade, não vira do avesso, não desarruma. Não consigo imaginar o amor batendo na porta, comportado no sofá. Esperando você oferecer um copo d’água, café, bolo. Com licença, por favor, muito obrigada. Não o meu amor, não comigo. Meu amor pula a janela, põe os pés no sofá e pede mais uma almofada. Reclama que tá com fome e abre a geladeira pra ver o que tem de bom. Rouba o controle, muda o canal, faz bagunça. Meu amor é tempestade, terremoto, erupção. Brisa, comigo, só o fim, só sem mim. Sereno, deixo claro, só meu adeus."

Marcella Fernanda

Eu sabia que não podia ser. Mas os meus melhores momentos eram com você, e eu não conseguia abrir mão disso. Não conseguia abrir mão dos únicos momentos em que eu sentia prazer em alguma coisa. Em que eu sentia uma quase paz. Eu sabia que era como me drogar em busca de um efeito mágico passageiro; e a longo prazo tão prejudicial. Mas eu queria sugar essa pseudofelicidade até me embriagar. É verdade que já havia muita mágoa nas entrelinhas, tornando tudo um pouco mais pesado, anunciando a tempestade, mas eu ainda conseguia me perder naquele olhar, e isso valia tanto; pra uma dor que não conseguia se perder em praticamente mais nada, sumir naquele olhar era incrivelmente mágico.
Eu não queria ter que apagar a chance de segurar sua mão, como naquele dia no cinema, a sala vazia e o seu colo aconchegante. Não queria nublar a imagem da gente na tela do seu computador... Não queria vedar aqueles olhos... Não queria renunciar a chance de me acalmar com aquela voz doce... Aquele sorriso torto...
Mas não havia outra maneira, eu continuava sabendo que não podia ser. Escolher vender a alma em troca de momentos tão esporádicos era radical demais, era loucura demais.
E mesmo duvidando que eu pudesse, eu precisava me ter de volta. Abrir mão. Tentar. Acordar. Viver.

" (...) Algumas horas de felicidade extrema, milhões de litros de lágrimas, muita imaturidade, eu virando boneca numa prateleira cheia de desculpas e egoísmo. Só que hoje em dia boneca anda, então fui embora, odeio lugar apertado. O fim mais difícil e adiado da minha vida, mas de parto normal. (...) "




"(...)Faz assim, não sorri também. Tem sorriso que acaba comigo e o seu é nocaute. Não corta as minhas paranoias, não acaba com as dúvidas se eu devo mandar sms, se eu devo ligar, porque você já faz tudo isso e quando não, me pede um sinal de vida. Não me surpreende, não me encanta. É pedir demais?(...)Olha, fica aí quietinho, que só em existir você já me bagunça toda. Você só me faz o favor de piorar, da maneira mais incrível possível, aí fica tudo revirado e depois ninguém fica pra arrumar, sobra pra mim, sempre. Sobra mais um fim. Não se mexe!"

Marcella Fernanda