Hoje foi um dia daqueles: um dia que começou com um sol escaldante e se findou em nuvens pesadas derramando do céu, e isso me remeteu a uma viagem no tempo. 
Mais de 15 anos atrás estávamos na escola. Aquela montanha russa de sensações e experiências novas, tudo deliciosamente caótico. E cada vez que alguém descobria que, por via de regra, a gente carregava na mochila uma muda de roupa - bem limpa e bem seca - eles riam de nós. É que esperar pela chuva em qualquer época do ano era uma coisa só nossa, uma piada interna, uma aventura do nosso coração sonhador. Fazia parte do ritual correr pelas calçadas sentindo a água no rosto e cantando alto músicas que davam vida aos nossos sentimentos. E eu viajei praquele momento. Pros sorrisos sinceros, pra roupa encharcada sendo escondida na mochila, pra sensação de alma lavada. 
Eu sinto falta de como éramos tão inocentes a ponto de ter paz.


A gente não existe mais. Tudo que restou é só poeira do que fomos um dia. O que te mantém apegada à mim é a mesma coisa que me mantém apegada à você: a necessidade de ter tido alguém todo esse tempo, a necessidade de provar pra si mesma que durou, que alguém ficou; mesmo sendo uma meia verdade pra encobrir que somos igualmente solitárias.

Nós não nos conhecemos mais, nossos pensamentos não se encontram, não há conforto. A presença é tão incômoda que dói. Machuca ver que nos tornamos duas estranhas. Sorrisos forçados, assuntos pela metade, o que aconteceu com as tardes de sorrisos fáceis?

Sou forçada a admitir que algumas coisas simplesmente não tem volta, que pessoas mudam e se desconhecem, e não há como rebobinar o tempo ou voltar pra quem se era.


Sabe o quê, moreno? A nossa relação é incrível. Mais do que gostar do seu beijo, do seu cheiro, do seu sexo, da sua voz: eu gosto da nossa real intimidade e das nossas vidas estarem atreladas uma à outra de maneira a quase se fundirem.

Eu gosto de ter descoberto uma relação que eu nem sabia que existia, pois é como se a cada dia aumentassem os motivos para continuar do seu lado. Eu nunca fui tão próxima assim de alguém, viver essa sensação é uma experiência incrível para mim e continua sendo a cada ano que passa, a cada coisa que construímos, a cada beijo que você me dá.

Vivemos as coisas românticas e também as coisas práticas e em todas elas nos harmonizamos; mesmo nas diferenças conseguimos nos encaixar, pois com o tempo aprendemos a conhecer um ao outro e a lidar do melhor jeito com os atritos do dia a dia.

Quando estou longe de você eu consigo ver com ainda mais clareza o quanto nós somos bons juntos e o quanto a confiança paira entre nós, uma confiança construída dia a dia, mês a mês, sólida e saudável.

Te encontrar - há 6 anos atrás - foi uma novidade maravilhosa e recheada de sonhos que eu nunca tinha tido antes. Tão repentinamente eu fui sonhando mais e mais coisas, todas elas do seu lado. Eu amo tanto te ver todos os dias ao acordar, amo tomar banho juntos enquanto fofocamos de coisas aleatórias, amo saber que meu lar é o mesmo que o seu. Eu amo te chamar de meu marido.

A nossa relação é boa, moreno, é boa demais.