Acho que eu tenho imã pra gente meio maluca.


Não adianta fugir e se fazer de forte. Não adianta desviar os olhos e dizer que me esqueceu; Não adianta. Toda vez esse mesmo papo. Você foge e some e promete seguir sua vida. E eu sei que a sua vida segue, mas você continua andando em círculos. Porque todo caminho termina em uma mensagem sua no meu celular. Em um lance comigo na madrugada. Todos esses anos foi desse jeito e eu sei que você não consegue se desligar. Ah, não vem com essa de falar de liberdade quando eu sei que, de alguma maneira, você está preso a mim. Sempre foi assim.
Que se dane esse papinho de amor, porque você nunca o teve, nem eu. Não fomos feitos pra ficarmos juntos, pra todo esse lance convencional. Fomos feitos pra ter pra sempre essa história casual.
Não fomos feitos pra nos amarrar, mas eu sei que você vai voltar, não importa quantas vezes você vá. 


E no final das contas eu já não sabia qual de nós dois mentia mais... A gente se usou, se enganou, se perdeu... Mas no fundo a gente se envolveu. Não os corações; envolvemos nossas necessidades e solidões. Nossas carências e loucuras. Envolvemos um pouco de do vazio das nossas vidas pra tentar tapar tudo aquilo que nos falta.
Nunca pensei que você pudesse me confundir, mas olha, você confundiu. Achei que era fácil apenas controlar você, como foi com todos os outros ao longo da minha vida, mas não foi bem assim. Quis te decifrar e me perdi. Me perdi no meu objetivo, me perdi em mim e tive que reprogramar os meus passos. Me perdi tanto, que quase achei que tudo poderia seguir um caminho diferente. Fiquei empolgada e achei que enfim poderia gostar de um outro alguém. Mas a gente continua mentindo tanto um pro outro que nem nós mesmos sabemos mais a verdade. Eu falei de sentimento, eu quis sentimento. Mas acho que não sou mais capaz de sentir o que estou buscando. Acho que não sei mais me apaixonar por alguém. E no final das contas eu não sei o que a gente quer, apenas continuamos nos perdendo no meio das nossas mentiras.


Quem sabe ele seja um mentiroso. Ele é mesmo um pouco confuso e faz tudo do jeito não convencional. Ele pode ser um galinha e não ter absolutamente nada a ver comigo. Mas foi ele quem me resgatou.
Sim, me resgatou; em lugares diferentes, de maneiras diferentes, diversas vezes diferentes. Me resgatou bêbada, me resgatou sã, aturou meu choro, aceitou meu beijo. Foi ele quem me procurou pela cidade quando ninguém mais se interessou em saber onde eu estava. Foi ele quem me deu atenção, carinho e encheu de presença meus dias já tão lotados de ausência. Ele quem esperou que eu adormecesse e cuidou em desligar as tomadas e sair em silêncio.
Ele pode ter sido tudo, mas não foi um qualquer. E por mais que eu tente me manter com um pé atrás, eu acabo sempre tropeçando e caindo nos braços dele. Porque ele sempre está ali pra me segurar. Por mais que eu tente fugir, eu acabo sempre olhando a foto dele antes de dormir e rindo sozinha das nossas brigas sem motivo.
Por mais que eu possa estar entrando numa enrascada, numa rua sem saída, é nas lembranças boas que eu me baseio, e não nos boatos ruins. É no brilho do olho, no doce do beijo, do calor do corpo. Nas palavras carinhosas, nas atitudes atenciosas, nas longas conversas. É nisso que quero me basear;
Quem sabe não dure, quem sabe não valha, não importa. Foi ele quem preencheu um pouco do vazio que eu carregava, e cativou com calma um carinho que eu achei que nem podia mais sentir.
Quem sabe ele seja mesmo um mentiroso. Mas é um mentiroso tão convincente, que eu já quase quero acreditar. 

Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo, que tive medo de não saber mais quem eu era. Perdi um pouco a direção, mas eu segui em frente, mesmo estilhaçada, mesmo perdida, eu fui andando e o caminho foi me achando, assim, meio na marra.
Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo que hoje fecho os olhos e parece tudo um sonho; ou histórias de uma vida inteira. Mas foi tão repentino que me empurrou pra frente de uma maneira absurda. E agora eu confesso que me sinto bem melhor. 
Todas as angústias de sempre ainda estão aqui, é claro, mas o turbilhão de coisas que tem acontecido me tomou um pouco do tempo e do choro esganiçado, do desespero incontrolável. Me aliviou um pouco e me libertou; sei que não é permanente, mas ao menos hoje posso respirar.
Eu me embaralhei um pouco, mas estou me redescobrindo, remontando todas as peças, e, de alguma maneira, a minha essência, quem eu sou de verdade, continua aqui.
Sei que ainda vou tropeçar várias vezes, mas ao menos continuo caminhando. E eu nunca mais quero parar.

Acho que a gente confundiu tanto as coisas, gatinho, desde o início... É claro que eu sempre te amei. Mas hoje compreendo que a gente quis colocar desejo onde só tinha carinho... A gente distorceu tanto esse amor bonito e acabou destruindo ele... Evitamos de nos aproximar porque tínhamos medo desse sentimento que não entendíamos.
Eu nunca quis excluir ninguém, apenas quis fazer parte da sua vida. Mas nos deixamos pensar que pra viver o que sentíamos precisávamos de exclusividade, de paixão, e nos esquecemos o quanto poderíamos ter sido amigos. Nos cobramos tanto e olha só, nos perdemos. 
Hoje eu vi a foto da sua princesinha... E foi então que eu tive certeza que meu amor não é egoísta, não é exatamente o tipo de amor que a gente quis que fosse. Desejo de todo coração que você seja feliz. É claro que gostaria de fazer parte da sua vida, mas eu entrei do jeito errado e nada vai mudar isso. Então tudo que posso fazer é desejar que tudo dê certo pra você; porque você cresceu, gatinho, você se tornou um homem digno, um marido dedicado, um pai amoroso. Eu sempre soube que seria assim, sempre te admirei e agora não é diferente. Confesso que tive um pouco de inveja da vida que você tem agora. Também queria que as coisas pudessem ter dado certo pra mim também. Confesso que queria que tivesse sido diferente, menos complicado, e quem sabe eu faria parte agora dessa felicidade toda. Eu poderia ser uma grande amiga. Podia conciliar tudo que sempre sonhei.
Mas a gente confundiu tudo. É, eu tenho saudade, tenho sonhos e tenho vontade. Mas nada mais pode ser como antes, porque a gente construiu uma rua paralela à que deveríamos ter seguido, e parece que ela não tem saída, gatinho. 

(POST)
É apenas mais um buraco tentando tapar outro buraco. Apenas mais ilusões, mais mentiras, uma busca interminável por uma sensação insubstituível. A minha exigência fica buscando uma coisa que nem sei mais o que é. Uma sensação que nem sei se ainda sou capaz de sentir. Nada mais me satisfaz. E fico apenas vendo as horas passarem, me enganando no seu abraço, gastando meus beijos nos seus.


"Se os seus olhos não refletem mais o nosso amor, e a saudade me seguir pra sempre aonde eu for, fica claro que eu tentei lutar por esse sentimento..."







Engraçado como a gente se engana porque quer. Como a gente fecha os olhos de propósito pra tanta coisa; pra tentar não se magoar, pra tentar insistir em coisas que queremos (mesmo sabendo que não são a melhor opção), e acabamos nos magoando mais ainda.
E aí vem um dia que cai a ficha; e a ausência clareia coisas que insistíamos em deixar no escuro. Só que dói, e dá saudade, dá vontade de voltar pra ignorância, só pra fingir que podemos tentar mais um pouquinho. Dá vontade de fechar os olhos de novo, mas a luz dói as vistas. Dá vontade de fugir, de odiar, de sumir, só pra não ter mais que querer tanto. Mas depois que se enxerga algumas coisas, dificilmente se pode ignorar novamente. É tanta mentira e tanto desgaste de sentimento que a gente se perde e não sabe o caminho de volta. É tanta luta que a gente entrou em vão, tantos sinais importantes que a gente deixou pra trás, e que no fim das contas, não valeu a pena, que a gente cansa de se enganar e de se humilhar e de fingir que vai ficar tudo bem. Dá raiva e dá mágoa e dá vontade de explodir tudo, mas, principalmente, no fim das contas, dá vontade de se gostar mais e parar de ser tão idiota.

Talvez você nunca vá entender os meus motivos. Talvez você os entenda e simplesmente não possa fazer nada. Mas a questão é: eu cheguei no meu limite. Eu nunca poderia te explicar o que eu sinto vendo diariamente a frieza nos seus olhos. Tenho medo do que me espera pela frente, mas tenho mais medo ainda de não suportar a sua ausência e me deixar levar (de novo) pela ilusão. Porque eu não quero mais ter que sentir tanta indiferença no seu abraço, tanto nojo no seu beijo, tanto tédio no seu olhar. Não quero mais ter que ver você me rejeitando tanto. Eu quis tanto que fosse diferente, quis tanto que pudéssemos ser felizes juntos, mas no fundo eu sempre soube que não era possível.
Agora eu só quero uma solução, mas tudo que consigo enfrentar são mágoas e saudade... Essa maldita saudade. Me pego pensando aonde foi que eu errei, como se isso pudesse consertar as coisas. Tento prever onde encontrar forças pra manter a minha decisão, mas me sinto tão fraca e fico ainda mais apavorada.
Eu não quero mais, por favor, eu não quero mais sentir aquela sensação. Aceito o abandono e a solidão que me cabe, mas não quero mais a rejeição de ter ao meu lado alguém que me despreza. De implorar um beijo de alguém que deveria querê-lo espontaneamente  De me entregar de bandeja e você simplesmente desviar os olhos. Eu não quero mais, eu não quero mais. Eu estou cansada e esgotada e destruída. Porque me expor a tudo de novo, se sei que não vou sair ilesa? Eu preciso seguir em frente. E só eu sei o quanto me custa caro. A gente tinha tudo pra dar certo, ou não, que diferença faz... Você não me ama. E eu não quero mais aceitar esse seu costume vazio e esse seu conformismo de me ter fazendo tudo pra você. 
Eu preciso ir, preciso me livrar. Mesmo que doa, eu preciso tentar.
Talvez você nunca vá entender os meus motivos, mas só eu sei o quanto eu tentei.
Dessa vez eu tenho que conseguir, eu realmente não sei por quanto tempo eu aguentaria mais essa mesma dor dentro de mim. Eu estou cansada, eu não posso mais.
Sei que já tentei de tudo,
sei que já não quero mais lembrar,
só não sei como dizer pra mim...
Toda vez eu me pergunto
quem será que pode completar
esses versos mudos que escrevi
pra tentar me convencer que eu consigo sem você...