É tudo tão claro, pra qualquer um. Dispenso suas meias palavras, ou seu "o problema não é você, sou eu" ou qualquer outra frase clichê e ridícula pra justificar o fato de você não me querer. Eu sou uma idiota, mas não sou uma cega. Seria muito mais digno que você dissesse que não gosta o bastante de mim. Seria mais honesto e mais maduro.
Eu sou uma burra por me deixar envolver por você, uma burra por me apaixonar, mas definitivamente não sou cega, e eu vejo com clareza você se desviar de mim. 
É tudo tão claro, então porque você ainda acha que pode me enganar? Se ainda estou aqui, pode ter certeza que é porque eu quis que fosse diferente, mas eu sei que não é. Se não parti, foi porque eu acreditei que valia a pena aceitar suas mentiras. Mas eu nunca deixei de enxergá-las. Eu escolhi passar por cima de tudo, o que me torna louca, mas não ingênua. O que você realmente pretende com a tosquice das suas desculpas?
Eu vejo você me trocar por uma balada e não sentir falta da minha companhia enquanto a música toca e a bebida não acaba. Vejo você me querer nas noites vazias pra preencher seu espaço ou seu desejo quando não há mais nada. Vejo você barrar a minha entrada na sua vida, meu contato com sua família, seus amigos, sua rotina. E eu realmente sei o que significa tudo isso. Eu vejo você viver de armadilhas, sempre alerta, sempre passando a perna em alguém; tantos truques e você se julgando sempre tão esperto. Mas eu enxergo tudo isso.
Não há nada mais clichê que você, meu querido. É claro que isso não muda o fato de eu ter me apaixonado por você, e não me torna mais esperta, -Pode usar o seu machismo e se vangloriar por isso- mas te torna mais imaturo e indigno ao querer justificar coisas que simplesmente não tem justificativa.
Sim, fui só eu quem me fudi com essa história toda. E é por isso que eu vou partir. Porque sou honesta comigo mesma e assumo minhas próprias culpas e meus próprios erros. Sei minhas dificuldades, minhas carências e minhas limitações. Aceito e assumo: Posso demorar, posso querer voltar pra buscar bagagem que ficou, posso precisar acumular forças pra ir. Mas eu vou. E não que isso faça diferença agora, mas se um dia achar importante amadurecer, ao menos que aprenda a ser honesto.

A verdade é que ainda não me libertei. Quando eu decidi mudar a minha vida e buscar a minha felicidade, terminando um namoro de longos e infelizes anos, eu me libertei especificamente dele, mas não me libertei dos meus costumes, da minha dependência, eu ainda não me libertei da necessidade de ter alguém, de me dizer apaixonada, de colocar alguém como prioridade, acima até de mim mesma.
Ao decorrer desses meses de transição, continuei presa. Vivo transferindo confiança e sentimento de um envolvimento pra outro, me jogando por inteira, me doando por completa, só pra me perder de mim. Me negando a chance de ficar sozinha comigo mesma. 
Eu preciso descobrir e aceitar a vida de solteira. Preciso aprender a gostar da minha própria companhia. Preciso aprender a me divertir sem me apoiar em alguém. Preciso me libertar. Chegou a hora de recomeçar. Eu adiei esse recomeço o quanto pude, mas chegou o momento de dar a cara a tapa e finalmente conhecer o  caminho que a vida me deu.
Por tantos meses mudou o meu status mas não mudou a minha vida. Eu quero uma chance de ver como tudo é quando é diferente.
Quero uma chance de ser feliz.

"O tipo de olhar que fazia você amar tanto uma pessoa que sentia sua falta, mesmo ela estando bem na sua frente."

Tormenta - Fallen


"(...)Sabe, eu sempre preferi relevar, não quis enxergar, via sempre uma coisa boa por trás das suas piores atitudes. Foi assim que eu entrei no seu show de ilusionismo. Você com seus truques baratos e mentiras mal contadas, e eu batendo palma e pagando pra ver. Só que uma hora eu cansei, você passou a fazer os mesmos números sempre, eu já sabia o final e não tinha mais graça assistir, não valia o ingresso.(...)"

Marcella Fernanda

E quando descobri exatamente o significado da palavra "nostalgia", descobri que era a palavra que decifrava minha vida.


" (...)Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada do tempo que transforma todo amor em quase nada... 
Mas 'quase' também é mais um detalhe, um grande amor não vai morrer assim. Por isso de vez em quando você vai... 
...Vai lembrar de mim! " 

(Detalhes - Roberto Carlos)

E ao mesmo tempo eu consigo te odiar e te querer tanto... Odeio lembrar a maneira rude como você me engana, mas ainda assim eu não consigo parar de olhar aquela nossa foto... Não consigo parar de lembrar do seu sorriso torto e do seu toque doce. Eu sei que não adianta tentar fugir. Eu amo a maneira como você me olha e amo sua voz. Eu amo seu sorriso espontâneo e o formato da sua boca. E não consigo entender como consigo ter tanta raiva e ao mesmo tempo tanta vontade de te abraçar... 
É tão viva e tão forte essa lembrança da gente dançando, dos seus beijos, do aconchego dos seus braços; é tão nítida a imagem de você dormindo sereno, das suas pernas se esticando preguiçosas tentando alcanças as minhas, das suas camisetas lindas caídas sobre o contorno dos seus ombros...
Eu sinto saudades de jogar a chave pra você e escutar ansiosa seus passos subindo as escadas. Saudades de simular aquelas discussões bobas na frente dos outros, e sairmos abraçados enquanto ninguém entendia nada... Saudades de te fadigar de todas as maneiras possíveis só pra te ver fazer aquela cara linda que só você sabe fazer. Saudades daquelas conversas que só a gente entendia, da nossa intimidade... Saudades de te olhar.
Eu sei que devia parar de dizer o quanto eu gosto de você... E parar de descrever todas essas coisas que me encantam, e, principalmente, parar de repetir essas lembranças bobas de garotinha apaixonada. É, eu sei, mas é impossível. Tudo passa o tempo todo como um filme na minha memória. As vezes me sinto tão intrusa. Tão alheia a sua vida. Tão boba e tão ridícula. Mas não consigo deixar de amar esses pequenos detalhes que me chamaram tanta atenção. Não consigo não amar as palavras que você usa, o seu jeitinho malandro de me arrebatar, o morno da sua boca, o formato do seu queixo.
Não sei como consigo ter tanta certeza que tudo foi feito pra dar errado e ao mesmo tempo me pegar imaginando como seria se um dia desse certo. Saber que não faço parte dos seus planos e ainda assim me imaginar neles...
Só sei que continuo olhando pra nossa foto e te querendo cada vez mais. Não sei até quando vou aguentar essa saudade dentro de mim. 

"(...)Mas eu queria suas mãos nas minhas, revelar as fotos que tiramos e ninguém sabia..." (

Falei tanto de você e com você, que o corretor ortográfico do meu celular aprendeu seu nome. Não só aprendeu, como no meio de cada frase fazia questão de piscá-lo na lateral como um recado do meu coração. Você passou a estar cada vez mais presente nas minhas conversas e nos meus textos, mesmo quando eu queria afastar aquela lembrança. Meu corretor ortográfico aprendeu aquele meu jeitinho de conversar contigo, e toda aquela lista de apelidos seus, e insistia em sugerir aquelas expressões carinhosas que eu só usava com você, cada vez que eu tentava conversar com alguém. Insistia em me fazer lembrar das nossas longas conversas e de como a gente se dava bem; em me lembrar como era bom te inventar apelidos carinhosos. Meu jeito aprendeu seu jeito, e eu me moldei baseada nele. Aprendi o jeitinho de te acordar de manhã, o lugarzinho que te arrepiava, o toque que te fazia gemer. Não só aprendi como tomei pra mim todas aquelas manias e fiz meus todos os seus caprichos. Meu corpo aprendeu o seu, e insistia em rejeitar quaisquer outras curvas que não fossem as suas, quaisquer outros olhos que não tivessem aquele seu brilho único. E agora o corretor ortográfico da minha vida insiste em converter tudo em você.

Ele tinha atitudes típicas e frases altamente clichês. Tudo batia exatamente com o tipo de cafajeste ele era. 
Não me queria em tempo integral, mas queria me fazer sentir culpada por cada vez que eu respirava sem ele. Queria me fazer sentir mal por erros que não eram erros, enquanto ele me sangrava por dentro, me magoava e passava por cima do meu sentimento. Enquanto ele sumia e seguia normalmente, enganava a mim e as outras sem o menor pudor. Tudo tão claro e tão determinante e ainda assim eu deixava ele me atingir. Ainda assim ele conseguia exatamente o que queria. Eu me deixava envolver por aquele olhar e pelas palavras fofas. Me apaixonava cada vez mais por aquele sorriso torto. Eu vendia minha alma em troca daqueles momentos e não percebia. Mas eu não vou mais deixar, eu vou lutar, ainda que demore muito, ainda que demore uma vida; Eu vou conseguir. Eu vou me livrar dessa teia e desse sentimento tosco.


O barulho da chuva lá fora, frio aqui dentro. As almofadas, o sofá, meu cobertor; a casa toda tem o seu cheiro. A chuva caindo lá fora e eu aqui dentro, sozinha e cheia de lembranças suas... Acho que vou enlouquecer. Será que eu me lembrava que a saudade doía tanto?

Seu cheiro permaneceu nos meus braços e na minha roupa a noite toda. Seu gosto permaneceu na minha boca. E mesmo depois do banho, eu fechava os olhos e podia te sentir. Hoje quando acordei, respirei fundo e pensei ansiosa na próxima vez que iria te ver. Não conseguia raciocinar bem, e tentava me lembrar onde você estava. Aí caiu a ficha. Me lembrei que você foi embora, de vez. E aí me deu um vazio dolorido e me senti meio zonza. Tentei sentir seu cheiro, mas ele tinha acabado. Ainda não quero acreditar que você se foi.

Enquanto eu me envolvia com ele, gradualmente abandonei todas as opções, todos os outros sentimentos, todas as possíveis saídas de emergência. Quando me dei por conta, ele havia mantido, e talvez até aumentado, a lista telefônica e o contato com as outras, e eu, cada vez mais isolada e presa a ele. Eu deixei de conhecer pessoas pra ficar ao lado dele enquanto ele deixou de ficar ao meu lado pra tantas outras coisas, pra quaisquer outras coisas.
Eu não me arrependo. Ficar com ele me dava boas sensações e mexia muito comigo. Sempre preferi qualquer situação que pudesse realmente mexer comigo. E beijar desconhecidos ou sair a procura de tais raramente fazia eu me sentir assim. Só que agora era aquele momento difícil de recomeçar. Ele se foi de vez, então eu pensava que ter uma opção ou um ponto de partida pudesse tornar tudo um pouco mais fácil. Mas eu não tenho nada, não tenho ninguém, e não consigo deixar de remoer ter me doado tanto pra alguém que tanto me doeu. Ser tão de alguém que nunca foi meu. Fico remoendo como eu fiz questão de juntar cada pedacinho meu pra me entregar inteira, enquanto ele se dividia e diminuia cada vez mais o que podia me oferecer. Eu quis ficar com ele, só com ele; em algum momento cheguei a acreditar que essa história pudesse dar certo. Quis tanto que desse. Mas não deu. E de novo estou nesse momento difícil de reinventar a minha vida. De novo completamente sozinha, e é sempre tão triste começar do zero. Tenho medo de nunca mais conseguir me entregar assim, de nunca mais me sentir tão a vontade na companhia de alguém. Tenho medo dessa solidão e desse vazio de sentimento que vive dentro de mim. Será que algum dia vou encontrar uma magia que possa durar?

"E agora, pra quem eu vou falar de amor?"