Eu quero apagar a minha vida inteira e a minha personalidade. Quero apagar tudo que sinto e todas as minhas vontades. Quero me anular. Eu quero ser alguém normal e mecânico com um sorriso cordial. Alguém que não se desespera, e lida com tudo de maneira madura e tranquila. Alguém que não chora até sufocar. Não quero mais ser quem eu sou. Nâo quero me sentir rejeitada e sozinha todos os dias. Quero não sentir. Não quero incomodar todo mundo e me sentir um lixo. Nâo quero mais ser essa mazoquista ridícula que se tortura diariamente. Eu não quero minha vida, renuncio. Quero anular tudo, me isolar, evitar a tortura diária de não saber escutar, falar, nem me relacionar.
Eu quero apagar e começar de novo, sem resquícios, sem lembranças, sem manias. Quero uma nova chance.

Eu quero esquecer. Quero esquecer do brilho do olho e da curva dos lábios no sorriso. Quero esquecer do cheiro, do gosto, da voz. Quero tentar e não conseguir lembrar do jeitinho dele de me arrebatar... Quero excluir a imagem de cada expressão dele da memória. Quero esquecer de qual lado era aquele riso debochado e do tom exato daquela pele. Eu quero fechar os olhos e não saber. Não saber como era cada detalhe. Quero apagar. Eu quero esquecer. Quero o fim desse sentimento.



Eu me esforçava e não conseguia. Por anos e anos eu estive ao seu lado, e de repente eu não conseguia me lembrar o tom da sua voz. Me esforçava pra enxergar a imagem dos seus olhos e ela simplesmente não surgia. Eu não sabia mais como você costumava me chamar, não lembrava mais de como era seu jeito de sorrir.
É assustador como tudo simplesmente se apagou.
Não minto que diariamente vivo situações me remetem ao meu passado. Mas você sumiu. De todas as minhas histórias em nenhuma delas enxergo seu olhar. Eu sempre recordo que você estava lá, de algo que falou ou algo que fazíamos juntos. Mas não consigo mais saber quem era você. Nâo enxergo sua imagem e não sei mais quais eram suas manias. Eu não sei mais dos seus detalhes. Eu sempre soube que nada entre nós era intenso, mas não imaginei que a sua imagem pudesse se desfazer na minha memória. 
Por algum tempo eu ignorei, evitei, afastei qualquer tipo de lembrança detalhada, com isso formei o hábito de não recordar. Um dia eu percebi que lembrar não me afetava mais de nenhuma maneira, e aceitei minha história. Só que, agora, nela não cabe mais seu sorriso.
Acho que é isso que se chama fim. E aconteceu quando eu inventei um novo começo.

Foi estranho. Me doeu ver o quanto ainda gosto de você. Tenho medo disso que estou sentindo, principalmente agora que sei que não há possibilidades de dar certo. Eu sei que alguma coisa mudou, mas me amedronta essa fascinação que ainda não acabou. Alguma coisa mudou muito, a mágoa se tornou maior que todas as outras coisas e não há mais como gostar de gostar de você. Mas ainda assim esse sentimento não sai de mim. Parada admirando a sua imagem eu fiquei realmente muito assustada. Eu não quero isso pra mim. Não mais. Não quero amar seu jeitinho de rir que me derrete, não quero me sentir tão confortável do seu lado. Não quero o encanto e desencanto contínuo que você me provoca, eu não tenho estrutura. Não suporto gostar de você sem admirar a pessoa que você é pra mim. Ficar lutando contra esse sentimento infundado cansa, mas eu não quero jogar tudo isso em cima de você, me jogar, quando sei que você não vai me segurar. Eu não posso oferecer tanto pra alguém que tem tão pouco pra dar em troca. 

Obrigada, Deus, pela paz de poder sorrir novamente.
Obrigada por me devolver a capacidade de lidar com problemas cotidianos.
Obrigada por tirar de mim o desespero.
Eu não me entorpeci, eu sinto, me magoo, me enraiveço, choro. Mas obrigada por me fazer sentir viva com esses sentimentos.
Obrigada por devolver a cor pros meus dias, e o prazer de ver o por do sol. 
Não sei quanto isso vai durar até a próxima recaída, mas só eu sei o valor de um dia bom.
Obrigada, Deus.

O que eu tinha não bastava. Mas dói renunciar e trocar tudo o que eu tinha por nada. Dói saber que amanhã já terei sido substituída e que essa saudade vai doer só em mim. Dói pensar em você apaixonado por outra. Ou quem sabe dando a outra o amor que não conseguiu me dar; Dói abrir mão dos seus beijos e das suas ligações; de ter um pouquinho de você. Dói tanto saber que meu coração vai insistir em ficar de luto por tanto tempo, enquanto você facilmente vai encontrar um outro alguém. Que eu fui apenas mais uma dentre tantas e que um dia você vai encontrar uma que faça a diferença. Que vai encontrar a pessoa que vai ser na sua vida o que eu não consegui ser.
Mas o que eu tinha não bastava, eu preciso assumir as consequências das minhas escolhas e compreender que eu não preciso de migalhas.


'E por mais que a mágoa me enraiveça, a saudade não vai embora. Ainda suspiro com aquela foto, e guardo a lembrança tão viva dos seus olhos castanhos me olhando de manhã.



Não te atender foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Tudo o que eu mais queria era ouvir sua voz, e ainda assim eu sabia que tinha que ser forte. 

Eu não podia mais, eu fui forçada a escrever um ponto final. Mesmo sem ter certeza se eu realmente conseguiria. Mesmo sabendo o quanto isso me dói e o quanto vai doer por tempo indeterminado. Vou sentir saudade desse seu sorriso torto e da sua cara lerda. Saudade da pressão exata do seu abraço, e do seu cheirinho de roupa lavada e desodorante. Saudade do ritmo dos seus passos na escada e de te olhar dormir enquanto o sol invadia a sala. Saudade do formato do seu corpo e da maciez das suas costas, dos nossos banhos, do seu queixo e do seu gemido, do seu beijo molhado e das suas mãos na minha cintura.
É apenas o terceiro dia, e eu já morro de saudade das suas mensagens de bom dia e das suas piadas sem graça que me faziam rir até a barriga doer. Já sinto essa abstinência dolorida do doce da sua voz, dos nossos assuntos inacabáveis, do seu jeitinho de usar as palavras. Me tortura essa vontade de falar com você e de saber dos seus passos, de te ouvir contar sobre o seu dia e desabafar sobre os seus problemas. Já sinto tanta saudade da sua preocupação e do seu esforço em cuidar de mim. Apesar de todas as coisas ruins, são as boas que ficaram impregnadas nas minhas lembranças. Apesar de me martirizar ainda todos os dias pela frustração e pela dor das mágoas que passei, ainda suspiro com a lembrança do seu jeitinho moleque de ser. Sempre saudade, tanta saudade, maldita saudade...
Não abandono o costume de compartilhar minha vida com você. Ainda quero te contar quando acontece uma coisa boa, quando leio uma piada que me lembra você. Ainda quero te ligar pra dizer que assisti aquele filme. Não sei se um dia isso tudo vai passar.
É... É você. Dono das minhas histórias. Dono do sorriso torto e o protagonista do meu blog desde que te conheci. E ainda continua sendo. E apesar de tudo, a saudade continua aqui e sei que vai continuar ainda por um longo tempo. Apesar do fim, você ainda está em mim.

Foi com o tempo que eu aprendi o valor do conforto. Quebrando a cara tantas vezes, e me desgastando dia após dia em nome de sentimentos doentios, de relacionamentos falidos, entendi que o conforto emocional é importante na minha vida. Hoje eu sei não lutar pelo que me mata. Porque hoje sei bem o que quero.
Quero um sentimento que me acrescente, não que me sugue. Quero alguém que me complete, não que me despedace. Quero uma relação que me proporcione mais sorrisos que lágrimas, mais bem estar que desespero. O contrário, eu dispenso. Se os erros vem de mim ou do outro, tanto faz, quero uma relação que me dê paz.

Hoje sei bem o que quero, e entendi que se adaptar é bom, mas aceitar com passividade o que destrói, é burrice. Há sempre uma escolha.