Naquele momento eu entendi que todos os meus medos, minhas crises de ansiedade e minhas noites sem dormir no último mês tinham um motivo concreto. Não era uma paranoia como todas as outras. Todos estavam realmente comentando de mim o tempo todo nas minhas costas. Rindo, acusando, julgando, odiando ou fazendo chacota. Pela primeira vez na vida eu tive que encarar de forma muito direta o fato de ser neuroatipica, tive que encarar as consequências de ser uma pessoa problemática e pouco funcional.

    E naquele momento, quando tudo fez sentido, eu senti como se estivesse caindo para o inferno, uma sensação real de que o chão tinha se aberto e que eu estava em queda livre. E eu me mantive assim, flutuando de uma maneira cruel, sem realmente chegar a destino nenhum, com o peito em chamas e a cabeça fora da realidade. A medicação tem me mantido viva, é inegável que eu sinto como se fosse sucumbir se não houvessem essas muletas químicas, mas ainda existe o desespero, como se nada mais fizesse sentido ou devesse existir, inclusive e principalmente eu.

Os pensamentos obsessivos me torturam 24 horas por dia, acordada ou dormindo, eles estão ali, fazendo com que eu me martirize e me culpe e me envergonhe. Com que eu pense que não tem saída, que não tem futuro. Não sei o que fazer. Estou tão perdida e tão sozinha... Não consigo lidar nem encarar tudo isso, sei que sou fraca, sempre fui.

"Inerte no inferno que nem mesmo a medicina soube antídoto..."


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