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Sinto como se alguma coisa pudesse me corroer por dentro. Um bicho, um ácido, uma dor.
Como se algo, a única coisa que pudesse me fazer completamente feliz, tivesse ido, nunca mais fosse voltar.
Eu não sei se me culpo, se te culpo, se ambos. Mas algo saiu dos trilhos e a memória de toda uma felicidade agora é a minha maior tortura. Eu adoeci. Me sinto apodrecida por dentro e incapaz de me misturar.
Um vazio de morte, um silêncio de funeral. Dentro de mim. E você continua ali, mas não é a mesma. Jamais vai ser. E não deveria ser assim, essa dor, tantas coisas na vida vão e vêm, e felicidade é mesmo uma planta que se renova a cada estação. Mas essa doença me deixou congelada naquela primavera. Outras coisas parecem fluir, e enfim, a vida segue, mas não sou capaz de me deixar levar, de confiar, de ser espontânea outra vez. Deixei que a loucura se apossasse de mim e toda obsessão que um dia me enlouqueceu por amor, agora retorna, só que o amor que pulsa é diferente - um amor denominado amizade - Ou era, antes de virar apenas loucura e saudades de alguém que não mais vai reaparecer.
Eu vivo buscando o que passou e não me entrego ao presente.
E a dor se confunde com a tristeza de ouvir sua voz e não ser a mesma, de buscar o que não vai mais voltar a ser, de sentir saudades e não conseguir encontrar em você aquela que podia saná-la, de tentar amenizar a dor acreditando que tudo ainda está congelado naquele tempo, mas seus olhos frios me devoram como os bichos monstruosos que circulam dentro de mim. A sua voz de felicidade distante me mostra que agora estou só. Como antes. Mas não sei mais viver assim, depois que essa dependência se infiltrou no meu sangue.
Sei que parece egoísmo, talvez seja, mas procure entender, sinto falta de quando você sentia a mesma falta que eu. Porque na sua falta, se apoiava a minha esperança.
Agora, só vazio.

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