Liberdade

Esperei anos pra ver você voltar pra mim. Longos e tortuosos anos mantendo a esperança viva e evitando acreditar que minha melhor amiga tinha ido embora pra sempre. E então, numa tarde quente de sábado, você me ligou em prantos, e eu soube que tinha acontecido. A sua ficha tinha caído. Eu sabia que tava doendo pra caramba enxergar de novo a luz do sol, e fui correndo segurar sua mão, mas não disfarcei o sorriso quando você mesma bradou com força e propriedade que estava livre.
O cativeiro afetivo ainda é realidade de milhares de mulheres mesmo nos dias atuais, em meio a uma luta fervorosa do feminismo. E eu assisti de perto você ser vítima dele, se submetendo aos caprichos doentes de um machista qualquer, se rendendo à regras absurdas impostas pela pressão psicológica a qual era submetida. E eu fiquei ali, impotente, continuando esperançosa mesmo quando doía tanto em mim que eu só pensava em desistir. Eu já passei por isso também, embora por um tempo significativamente mais curto, e talvez seja esse fato que me manteve aqui, que manteve acesa a minha empatia mesmo quando seus atos me traziam irritação.
E num dia qualquer todo esse seu processo de libertação finalmente se concluiu. Pisquei algumas vezes pra ter certeza de que não estava sonhando e depois que seu pranto cessou eu saí pra te reapresentar ao mundo. Te abracei forte pra te reapresentar pra mim. Seu coração havia voltado a bater, seus cabelos cheiravam à vida. A fria barreira de gelo que nos separava finalmente pareceu ter ido embora pra sempre.
Obrigada por voltar, minha pequena, tava tudo muito triste sem você aqui.

Um comentário:

  1. E quanto tempo esperei também para estar liberta, e viver esta liberdade contigo, que nunca soltou minhas mãos tremulas, e nunca desistiu de mim, mesmo quando o medo me fez ser rude e doentia. Eu Te Amo! Minha melhor <3

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