Sinto saudades da minha paz e da minha casa. Do meu silêncio, da minha quase independência. Saudades de deitar no meio da sala sem ninguém pra me mandar sair do caminho. De fechar a porta nos meus dias de TPM e decidir simplesmente não ver ninguém.
Saudades de sair e chegar e sair de novo, sem satisfações. E levar a chave. E encontrar tudo exatamente da maneira como eu deixei.
Saudade de não me preocupar em agradar; queimar o arroz, salgar o purê, cortar a carne em tamanhos diferentes. Até tudo dar certo e sair do jeito que eu quero. Sem cobranças. Com calma.
Sinto falta de receber minhas amigas e conversar sem pudor; na sala. De ir no banheiro com a porta aberta e dormir com a TV ligada. De, de vez em quando, gostar da minha solidão.
Saudades de ligar o som e dançar no meio da sala ou da cozinha, de gritar, cantar, chorar. E não ter que dar explicação nenhuma. E não me sentir louca. De organizar a estante, com tão pouca coisa, do meu jeito, com meu toque de menina e meus adesivos na parede.
Ah, que saudade da minha vidinha de filme da sessão da tarde que criei pra mim, alheia de um mundo tão diferente e perturbado.

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