Você disse que eu estou doente, disse que eu enlouqueci e que faço de tudo pra chamar atenção. Você me mandou ir e disse que não faria falta nenhuma. Que se eu morresse, em três dias tudo estaria exatamente como antes. Você tinha razão. Tinha mesmo e no fundo eu sempre soube disso. Depois se arrependeu e disse que cuidaria de mim; mas quando eu precisei só escutei que era tarde pra uma ligação, que tinha que desligar, que tinha que dormir. E dormiu mesmo, sem ao menos um rápido pensamento sobre a minha dor, sobre a minha insônia e sobre como eu estava aqui sozinha precisando de alguém. Quando eu precisei só escutei que não entendia, que não dava, que não podia. Você tinha razão, eu não faria falta nenhuma. Não pra você. Talvez pra ninguém.
E eu quis chamar atenção mesmo! Eu precisava que alguém olhasse pra mim. Mas já estou começando a aceitar a sequência de negações que recebo diariamente. De tanto costume, eu mesma passei a me negar um direito de sorrir, de me sentir bem ou de me sentir amada.
Você nunca foi o culpado de nada disso. Mas, desde o início, sempre fez questão de me lembrar o quão ruim eu sou e de trazer a tona cada dor que eu tentei a vida toda camuflar. 
Você não sabe nada da minha vida! Disse que sou apenas uma menina mimada que sempre teve tudo que quis e não aceita perder. É isso que você vê em mim? Me admira que ainda esteja namorando alguém assim. Talvez eu seja mesmo uma menina mimada, mas ter tudo que quis, veja bem, eu sempre quis uma vida normal. E isso nunca tive, pois já nasci marcada. Sou carta riscada, tinha que ser assim.
Eu já quis tanto que você sentisse minha falta, agora só desejo não ter que ver você vivendo sem sentir saudades de mim. E eu já desejei tanto ser feliz, agora só desejo não sentir nada, não querer nada.
"Não espero mais nada da vida, apenas que seja breve."

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