Quem sabe ele seja um mentiroso. Ele é mesmo um pouco confuso e faz tudo do jeito não convencional. Ele pode ser um galinha e não ter absolutamente nada a ver comigo. Mas foi ele quem me resgatou.
Sim, me resgatou; em lugares diferentes, de maneiras diferentes, diversas vezes diferentes. Me resgatou bêbada, me resgatou sã, aturou meu choro, aceitou meu beijo. Foi ele quem me procurou pela cidade quando ninguém mais se interessou em saber onde eu estava. Foi ele quem me deu atenção, carinho e encheu de presença meus dias já tão lotados de ausência. Ele quem esperou que eu adormecesse e cuidou em desligar as tomadas e sair em silêncio.
Ele pode ter sido tudo, mas não foi um qualquer. E por mais que eu tente me manter com um pé atrás, eu acabo sempre tropeçando e caindo nos braços dele. Porque ele sempre está ali pra me segurar. Por mais que eu tente fugir, eu acabo sempre olhando a foto dele antes de dormir e rindo sozinha das nossas brigas sem motivo.
Por mais que eu possa estar entrando numa enrascada, numa rua sem saída, é nas lembranças boas que eu me baseio, e não nos boatos ruins. É no brilho do olho, no doce do beijo, do calor do corpo. Nas palavras carinhosas, nas atitudes atenciosas, nas longas conversas. É nisso que quero me basear;
Quem sabe não dure, quem sabe não valha, não importa. Foi ele quem preencheu um pouco do vazio que eu carregava, e cativou com calma um carinho que eu achei que nem podia mais sentir.
Quem sabe ele seja mesmo um mentiroso. Mas é um mentiroso tão convincente, que eu já quase quero acreditar. 

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