Fui eu a maior lesada dessa história toda. Aliás, a única. Por mais que eu possa ter dito palavras grossas eu sei que não faz tanta diferença nessa história. Não te atingiu realmente mas te deu a oportunidade de me pintar como um monstro. Eu me excedi por estar no meu limite emocional, e você usou isso para sair por cima, sem sequelas. Enquanto eu, com minhas feridas expostas, via você tripudiar sobre elas.
Você sempre supõe que eu faço tudo errado. Que sou chata, que te sufoco, que eu faço você se cansar de mim. E eu me deixo levar pela culpa, penso no que poderia fazer para te manter o mais confortável possível. Sempre foi assim.
Só que na maioria do tempo eu me esqueço de como você pouco se importa em me deixar bem. Me esqueço de como eu me magoo e me destruo levando as coisas dessa maneira, e faço questão de fechar os olhos pra tudo de ruim que você me provoca. Você supõe que eu te sufoco; mas é você quem me dá esperanças, me liga e me faz acreditar em coisas, sentimentos e envolvimentos inexistentes. É você quem faz convites e me ilude com suas mentiras, quem me propõe uma liberdade que eu não posso ter. Você supõe que sou chata, mas diz gostar de mim. E na somatória final, a lesada sempre sou eu.
Você vem de vez em quando, me fere mais um pouquinho, e depois passa a maior parte do tempo jogando álcool nas minhas feridas. Me desinfeta, me desacredita, me faz enxergar a realidade, mas me arde e me dói tanto... Aí você vem. E eu, em troca de um alívio, me deixo enganar. E você, de um jeito que só você sabe, me faz uma ferida nova de um jeito lindo. E vai embora intocado enquanto eu fico sangrando e procurando uma solução.

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