Eu me tranquei no banheiro, e segurei firme o telefone entre as mãos; elas tremiam bastante e os dedos pareciam imprecisos. Disquei número a número tomada pelo desespero, e de costas para a porta eu escorreguei lentamente até o chão. Ali sentada falei tudo o que não devia falar, pensei tudo o que não devia pensar, e chorei. Me engasguei com aquelas lágrimas e me vi completamente sem saída. Na verdade eu não queria exatamente falar. Eu queria ouvir. Queria sentir. Mas só escutei o eco vazio das minhas palavras e dos meus soluços. O seu silêncio anunciou que não há mais solução. E ali sentada fiquei.
"- Porquê só agora?"
A sua pergunta ecoou dentro de mim, e procurei a resposta até descobrir que eu não sei. Não sei porque tão tarde, não sei porque só a sua ausência me deixou assim. Tive medo de que a sua presença trouxesse de novo a minha indecisão, e emaranhasse essa história novamente. Então não pedi nada, não prometi nada. Apenas chorei. Você não pode mais sair do seu mundo para voltar para o meu. Eu fiquei pra trás. E não sei mais como domar esse desespero que se apossa de mim. Tenho tentado de tudo mas ele insiste em me perseguir. As tentativas se confundem. Eu quero ficar, quero sumir, não sei bem o que quero. E ali sentada fiquei. Gostaria de que pudesse ter ficado pra sempre, sem ter que me levantar, porque minhas pernas fraquejam e as lágrimas florescem acima do meu sorriso forçado.
O telefone caiu das minhas mãos e diariamente tento não olhar pra ele. Agora não espero mais encontrar a solução, só espero que um dia não doa mais tanto assim.

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