Medos e Suposições


(...)O que aconteceu? Não sei bem, eu me distanciei dela. Vi que poderia viver sem ela. Aprendi a viver sem ela. Me acostumei a ser sozinho.
Amor platônico pode se tornar real, mas amor real não consegue virar platônico. O inverso não é válido. Ele desaparece nos bons modos e na tentativa de reproduzir ou prolongar um afeto antigo.
Amor real é viciado no corpo. Não suporta menos do que foi ou se alimentar da saudade. É uma pena que isso ocorra, é uma decepção diante do nosso romantismo e idealização, registra inclusive uma ausência de esforço.


Amor tem mais chance de dar errado do que certo, porque inventamos restrições e desculpas para não avançar(...)


Admirar a história não significa ter força para mexer nela. Alguns perdem o passaporte para regressar ao passado.


(Fabrício Carpinejar)

Será que eu deveria mesmo comparar as coisas dessa maneira?
Mas foi assim que eu sempre pensei, parece que Fabrício Carpinejar leu meus pensamentos e os traduziu nas palavras.
A distância traz a acomodação.
Assim que uma pessoa se acostuma a viver longe da outra, vão se tornando cada vez menos essenciais os encontros, e mais distante a antiga realidade. Outras pessoas e outras coisas começam a preencher aqele vazio, e então vem aqela aula de biologia da 8ª série, onde o professor ensinou que os seres vivos se adaptam a qualquer ambiente. Se adaptam a tudo.
Essa é a chave. A adaptação. Mesmo que nada tenha acabado, a distância obriga a sentir a dor da separação, obriga a seguir em frente e construir outra vida à parte.
Já ouvi lindas histórias de amor, e milhões de frases que reforçam que o amor supera tudo, inclusive a distância. Mas nunca presenciei, nunca vi de verdade um caso em que os dois superaram realmente, e tudo seguiu seu curso normal.
Mas eu não desisto.
Eu não me entrego por suposições.
Quero pagar pra ver, quero esperar e vivenciar, pra ter a prova se a minha história é forte o suficiente, e se vale a pena.
Medo? Muito. Medo de conservar o sentimento, mas perder tudo mais que conquistei, inclusive ele. Medo de cultivar um relacionamento doentio e dependente e me contentar com migalhas.
Mas medo todo mundo tem. Não há nenhuma história; nem à distância, nem próxima, nem de amor, nem de amizade; que não corra riscos e não provoque medo.
Então, tenho minhas dúvidas e meus medos, mas sigo em frente. Não porque acredito ser a coisa certa a fazer. Mas porque no fundo, lá bem longe da razão, o meu coração me ordena que eu tenha esperanças e arrisque.

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