Chuva


Eu sinto o vento, e começo a sentir as gotas frias pelos meus cabelos.
Ao invés de me proteger, eu deixo que elas molhem meu rosto. Eu fecho os olhos, cerro os lábios, e deixo que elas chorem por mim. Minhas lágrimas se misturam aos seus pingos, e então são o mesmo triste e melancólico choro.
Talvez elas possam lavar e levar com elas toda dor e solidão.
O céu triste e escuro anuncia que eu devia ir pra casa.
Mas eu não vou. Eu sigo sem rumo, sentindo o cheiro da terra molhada, talvez ele possa me animar e me fazer agradecer pelo milagre da vida.
Continuo seguindo, rua após rua, gota após gota, pensamento após pensamento.
A garganta anseia por gritar, as pernas anseiam por correr, e me dou conta que estou livre e só a chuva me liberta para fazer o que eu quiser.
Então eu corro, eu grito, eu danço, eu canto. Então eu choro, eu penso, eu balanço a cabeça, afastando pra longe qualquer pensamento que me faça mal.
Eu corro, giro em torno de mim mesma, e de braços abertos, eu giro até perder o equilíbrio.
Então eu tiro os sapatos, molho os pés e me sento na beira da estrada.
Então eu sou eu, e não tenho ninguém pra me repreender.
Chuva, como eu te amo.

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