Rejeição. Essa é a palavra. Não sei dizer se é real ou apenas uma dessas sensações que minha cabeça vive projetando. Mas eu sinto. O tempo todo, vinda de todos os lados. Não dá pra explicar pras pessoas como é que isso dói dentro de mim. As vezes sinto vontade de tentar, mas é tudo uma questão de ouvir "Para com isso", "A gente gosta de você", ou um "Deixa de bobeira". É sempre uma cara de impaciência e uma sensação de ridicularidade. E aí, como é que vou simplesmente dizer que a minha vida é uma grande merda e que nada muda isso sem me sentir ainda pior? Como é que vou explicar que eu sei que algumas pessoas se importam comigo mas que ainda assim eu não consigo sentir? Explicar que essa nuvem turva não sai dos meus pensamentos, e que essa angústia não me abandona sequer por um segundo...? Explicar que eu tento o tempo todo, que eu me esforço, que eu sorrio, mas que nada passa dentro de mim...? Que me dói tanto me sentir excluída, rejeitada, deixada de lado, e que me sentir assim só afasta mais as pessoas e aumenta o meu desespero...?
Como vou mostrar as minhas mãos sujas de sangue e fazer alguém entender? Como vou contar essa minha necessidade absurda de companhia e essa minha carência doentia?
Tem ficado mais difícil a cada dia e eu sei que não posso exigir paciência das pessoas que me cercam. Eu tenho tentado preencher o vazio, mas no final das contas ele apenas aumenta. Eu não sei se ainda posso. Eu me sinto muito cansada, mais que isso, esgotada. Não enxergo mais nenhuma saída de emergência daquelas que eu costumava ver esporadicamente.
Eu tento me cercar de gente por todos os lados, mas acabo me cercando de mais pancadas de solidão. De mais olhares de rejeição, palavras de desapego, gestos de impaciência ou indiferença. Tento me agarrar a qualquer pessoa que possa me oferecer um gole profundo de atenção, mas acabo afastando qualquer um com a minha voracidade e a minha necessidade afetiva doentia.
Não sei se aguento mais a sociedade, mas também não sei se aguento a mim mesma, então só queria não ter que sentir mais nada. Nem medo, nem solidão, nem rejeição, nem ansiedade, nem angústia, nem paixão, nem desejo, nem dor, nem carência, nem essa maldita necessidade de ser aceita. Só queria um vazio tão maior que esse que eu sinto que adormecesse tudo dentro de mim.

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